Uma mãe acorda triste com a situação de ter um filho com
autismo. Vai às redes sociais e desabafa, aquele desabafo doído... Triste,
deprimida, sem entender o porquê de ter um filho assim.
* As pessoas solidárias afagam seu coração, escrevem algo
edificante. Rezam para que essa mãe passe por esse dia e acorde amanhã mais
forte. Tentam fazer com que ela mude de perspectiva, ao menos hoje, pois amanhã
será outro dia e, com certeza, será melhor.
* As pessoas amargas criticam o fato de ela ter ido em rede
social desabafar. Afinal, autismo não é um problema. Xingam e levam o assunto a
outros grupos para julgarem e condenarem essa mãe. São grupos secretos,
fechados, lugar ideal para que cada um destile seu veneno e passe o dia inteiro
falando daquela que só precisava de um ombro amigo. Enquanto isso, seus filhos,
só Deus sabe...
Uma mãe acorda feliz e conta em sua rede social tudo de bom
que tem acontecido com seu filho com autismo. Ela relata as conquistas, as
alegrias e tudo de melhor que tem acontecido em sua família. Dá graças a Deus
por ser mãe de um “anjo azul” e agradece a Deus pelo filho que tem.
* As pessoas solidárias a parabenizam. Dizem que é uma
inspiração para elas acreditarem que amanhã poderá ser melhor para elas também.
Algumas, oram e agradecem por lerem algo tão bom. Outras, acreditam na mudança
de perspectiva, na luta diária com resultados diários. Agradecem pelo
compartilhamento e seguem suas vidas.
* As pessoas amargas levam as informações para seus
comparsas e começam o julgamento. “Essa daí só fala das coisas boas! Quero ver
trocar fralda do meu filho!”. “Afff, já começou o desfile da Alice, que vive no
país das maravilhas!” “E lá vem a Poliana, com aquele discursinho de filho
perfeito, mundo perfeito. Duvido que ela seja feliz do jeito que fala”. E
passam o dia em seus perfis, bate-papo, WhatsApp etc., a destilar o veneno
contra essa mãe. Enquanto isso, seus filhos, só Deus sabe...
Uma mãe pede ajuda na Internet, pois seu filhos (às vezes
filhos!) com autismo está precisando de tratamentos, remédios etc. Ela teve que
parar de trabalhar, o marido abandonou (ou está desempregado) e não consegue
pagar as contas e cuidar do(s) filho(s).
* As pessoas solidárias ajudam, fazem vaquinhas, recolhem
alimentos e remédios e mandam entregar. Escrevem palavras de conforto e fazem
uma oração por essa família. Pedem, em correntes de oração, que oremos para que
eles consigam sair dessa situação.
* As pessoas amargas reclamam, pois esse tipo de gente usa o
autismo do filho para se fazer de coitado e que só pede. Vive na Internet
pedindo as coisas, enquanto os outros estão trabalhando duro, de alguma forma,
para se manter. Não é justo ter que ajudar alguém que só reclama! Por que não
procura uma faxina pra fazer? Vai vender Avon! Enquanto isso, seus filhos, só
Deus sabe...
Uma mãe descobre o talento de seu filho. Ele pinta muito
bem! Um verdadeiro artista! Outros, escrevem, fotografam, fazem artesanato etc.
São centenas de talentos. Então, ela resolve oferecer os produtos do filho na
Internet para ajudar a pagar pelos tratamentos, remédios, dietas etc. Ela
trabalha junto com o filho, divulga tudo na Internet e ganha uma renda extra
para ajudar nos tratamentos do filho.
* As pessoas solidárias a parabenizam, afinal ela tem
ajudado seu filho a desenvolver um talento e ainda tem gerenciado tudo para que
não lhes falte nada. Todos sabem que não é fácil e ficam felizes de ela ser
esta pessoa forte e de saber que seu filho está em boas mãos.
* As pessoas amargas, já começam com o discurso: “Ó lá, ó!
Mais uma que usa o autismo do filho pra ganhar dinheiro!” E vão para seus
grupos julgarem e condenarem essa mãe. Ela é uma dissimulada! Afinal de contas,
aproveita do autismo do filho pra se promover. Enquanto isso, seus filhos, só
Deus sabe...
Uma mãe se nega a ajudar em grupos, pois está cansada de ser
atacada a cada comentário que posta tentando ajudar. Então, ela se nega a
participar de grupos, não quer dar entrevista, porque sabe que será julgada, e
se reclusa em sua casa, com seu filho, cuidando de tudo sozinha. Até sua página
de Facebook ela já deletou!
* As pessoas solidárias sentem falta dela, mas sabem que ela
estava sofrendo e que não poderia ajudar seu filho dessa maneira. Algumas,
mantém contato com ela de vez em quando e sabem que ela está bem. Todos sabem
que foi a melhor decisão para ela. Afinal, ela precisa estar bem para cuidar
bem de seu filho.
* As pessoas amargas criticam e dizem que ela é muito
egoísta. Só quer saber de seu filho e não ajuda a ninguém. Mas também, melhor
assim! Quem vai querer ouvir uma pessoa que se acha melhor que as outras? Foi
tarde!
Enquanto isso, seus filhos, só Deus sabe...
Uma mãe participa de grupos e tenta ajudar ao máximo. Dá
entrevistas sempre que possível e trabalha pela conscientização do autismo. Se
expõe e expõe seu filho, mas sabe que irá ajudar milhares de famílias.
* As pessoas solidárias, agradecem a essa mãe por cada
atitude. A parabenizam por cada reportagem, cada programa de televisão ou
jornal que tenha levado o autismo aos outros. São gratas a essa pessoa e sabem
que isso vai ajudar, de alguma forma, a todos no futuro.
* As pessoas amargas têm o discurso pronto: “Mas esse mundo
do autismo tá cheio de estrelinhas mesmo! Uma querendo aparecer mais que a
outra. Usam o autismo do filho pra se promover”. E lá vão elas, para seus
grupos julgarem e condenarem essa mãe... Enquanto isso, seus filhos, só Deus
sabe...
Não importa o que você faça, sempre haverá uma pessoa amarga
junto a outras para te detonarem. Não permita que elas destruam seu mundo! E lembre-se que sempre haverá
aqueles que você ajudou. Então, não desista de suas decisões. Pense bem qual
será e siga em frente, pois já é a decisão certa. E lembre-se: seu filho é o
único que está sendo bem cuidado. E os filhos das pessoas amargas também
colherão os frutos das árvores que você plantou e que seus amigos irrigaram. Já
as pessoas amargas são combustível para as pessoas determinadas. Saiba como
usar este combustível! Você pode seguir quilômetros e quilômetros, ou você pode
se incendiar com ele. Cabe a nós a sabedoria de como iremos seguir nossas
vidas. Eu escolho viver bem.