quinta-feira, 16 de abril de 2015

Tipos de autismo?

Não! Não irei descrever neste post os tipos de autismo existentes, pois não sou médica e todos estão descritos (às vezes há contradições), na Internet. Qualquer pesquisa no Google te traz o assunto.

O que quero dizer neste post, da maneira mais simples possível, é que ainda há muito o que se descobrir sobre esta síndrome e não iremos chegar a lugar algum nos digladiando...

É muito comum vermos brigas na Internet por causa do autismo. Geralmente, esta briga é para ver quem sofre mais, porque seu filho é muito mais autista que o da vizinha de Facebook. Costumo dizer que quem sofre são os filhos que não têm o tempo precioso de seus familiares, que ao invés de estarem brigando na Internet, deveriam estar estimulando seus filhos e/ou se informando mais sobre o assunto.

Hoje existe apenas uma única afirmação: AINDA NÃO SABEMOS O QUE REALMENTE É O AUTISMO, O QUE REALMENTE CAUSA E QUAL É A CURA!

Existem vários estudos em andamento em todo o mundo e só vemos o número de pessoas com TEA aumentar assustadoramente. Quando o Nicolas nasceu, e comecei minhas pesquisas, e o que lia era sobre uma "doença rara"que atingia 01 a cada 10.000 crianças. Depois, o número foi aumentando e passou a ser chamada de síndrome, não mais de doença etc.

Mas tantas coisas mudaram nestes 16 anos: várias teorias, vários e-mails falsos com notícias sobre autismo, várias teorias sobre pessoas famosas (vivas ou mortas), várias mentiras...

Já disse antes que acredito na genética e em tipos de autismo. Acredito também que apesar de o DSM-V ter colocado todos em um mesmo espectro, o TEA (Transtorno do Espectro Autista), ainda aparecerão novas síndromes que hoje são diagnosticadas como autismo devido às semelhanças em certas características.

Por que acredito nisso? Aos que acompanham nossa trajetória, já viram que meu pai foi diagnosticado aos 72 anos. Leia um pouco de sua história aqui. Agora estamos em andamento com o diagnóstico de um irmão. Há problemas de saúde mental tanto do lado de minha família, quanto do lado da família de meu marido.

Outro ponto é que quando viajamos para nossas palestras, fico pesquisando, perguntando, entrevistando as famílias etc., e em TODAS as famílias que visitei no Brasil e no exterior, vejo que sempre tem pessoas na família com síndromes ou doenças mentais. O mínimo que acontece é alguém comentar que tem gente na família que parece autista, mas que ninguém aceita nem o autismo do filho(a), imagine de uma pessoa que talvez tenha um grau mais leve.

Sobre as discussões sem fim sobre as causas do autismo, é interessante ver o quanto as pessoas tentam provar que elas já sabem qual é a causa e que ninguém quer ver. Seja porque a há uma "máfia da indústria farmacêutica", seja porque elas viram na Internet, então só pode ser verdade!


Mas seria muita irresponsabilidade minha dizer que os outros estão errrados.

Imagem retirada de:
http://longidade.blogspot.com.br/2014/06/ha-ligacao-entre-vacinacao-infantil-e.html
AUTISMO E VACINAÇÃO: O primeiro caso de autismo relatado na literatura data de 1798/1799, no sul da França. Fica difícil provar, uma vez que todos os envolvidos estão mortos, mas as escritas do médico mostram um caso de autismo clássico. Outros relatos datam de muito antes de a vacinação começar e mostram que as características já estavam lá. Meu pai não foi vacinado e nem ninguém de sua família. O Nicolas mostrou os primeiros sinais de autismo desde sempre. Desde que nasceu, era muito calmo, não ligava para sair do berço, mostrava-se indiferente ao meio e não respondia bem a muito barulho e muita movimentação. Quando tomou a primeira vacina, não chorou. Aos quatro meses começou a dar um trabalho desgraçado para comer qualquer coisa. Leia um pouquinho mais aqui. Então, como posso afirmar que meu filho é autista devido à vacinação? Pelo histórico da minha família, o autismo não está relacionado com a vacina. Meu pai é autista e nunca foi vacinado. Ao visitar um grupo de militantes anti-vacinação nos Estados Unidos, eles conseguiam "provar" por A + B que o que causa o autismo é a vacinação. Mas ao lhes contar sobre meu pai, eles foram categóricos em afirmar que não poderia ser autismo. DETALHE: eles nunca viram meu pai, nunca o consultaram (aliás, nem são médicos), e não têm o histórico da minha família. A família inteira do meu pai veio do interior da Bahía, ele nasceu em 1941 e não foi vacinado. Nem ele e nem ninguém da família dele na época, incluindo sua mãe. Os anti-vacinação dizem que o mercúrio fica no organismo da mãe e contamina o filho, logo ele nasce autista, por isso eu tomei vacina e não me tornei autista, mas meu filho sim. E no caso do meu pai?

Já encontrei pessoas que dizem que a vacinação foi a causa do autismo no filho. É certo que há um número de pessoas no mundo que, ao tomar vacina, apresentam uma espécie de reação alérgica. Alguns chegam a falecer. Se as pessoas têm como provar que seus filhos eram normais até tomarem a vacina e após a vacina ficaram autistas, será que então não temos tipos de autismo? Não é mais fácil respeitar a visão do outro e saber que ainda nada está explicado definitivamente? Oras, meu filho nasceu autista! Eu vi isso na falta de interação dele com o mundo, com a falta de interesse em várias coisas que crianças têm, com a vontade maior de ficar no berço do que de sair do berço, com a obsessão por objetos giratórios desde pequeno, pelo ouvido para música desde muito novinho, pela ausência de choro desde que nasceu etc... Muito foi percebido bem antes de ele tomar a vacina.

Já me pediram para eu dar declarações afirmando que a vacina foi quem deixou meu filo autista. Não! Não foi! Eu estava lá quando ele nasceu, fui eu quem o amamentou desde o primeiro dia e acompanhei cada segundo de sua vida nos primeiros meses. Ele já era diferente... E eu já havia percebido, mas fui calada pelo pediatra e pela família, que diziam que ele era lindo. Ou seja, criança feia pode ser autista, os lindos não.

CONCLUSÃO: ainda há muito para entendermos de fato. Minha proposta é: vamos lutar para que existam cada vez mais pesquisas, mas não vamos lutar umas contra as outras. Já não basta o preconceito que vem dos outros?

MINHA OPINIÃO: autismo pode ser até muito difícil para algumas mães, mas enterrar seu filho que morreu de uma doença que já havia sido controlada pela vacinação, deve ser pior. Se eu tivesse mais 15 filhos, vacinaria os 15. Se todos "virassem" autistas, iria me virar em 15 mil para cuidar de todos. Mas chorar a morte de um deles no caixão e ter a dúvida de seu eu tivesse vacinado ele estaria aqui comigo, é um fardo que eu não conseguiria carregar. Eu sei que meu filho é mortal, mas sei também que ele só irá partir quando Deus assim achar que deve. Eu amo meu filho do jeitinho que ele é.


Foto retirada de:
http://espacodomquixote.com.br/?p=1115
AUTISMO E NUTRIÇÃO: Existem várias mães que fazem um zilhão de dietas em seus filhos: sem glúten, sem caseína, sem açúcar, sem corantes, sem um monte de outras coisas. Algumas já afirmaram para mim que deu certo com seus filhos. Já vi casos que a criança regrediu e já vi casos que a criança continua autista, só que não come um monte de coisas. Porém, eu não vivo com essas pessoas. Se elas vêm melhora no quadro de seus filhos, quem sou eu para julgar e sair metralhando na Internet? Respeito a escolha da família. Primeiro porque não está prejudicando meu filho, então por que vou eu me meter na vida dos outros? Segundo, que eles acham que estão acertando com o tratamento dos filhos. E se estão mesmo? Vou eu lá dizer que eles são loucos e liberarem tudo o que a criança quiser? e se o problema da criança realmente está ligado a alguma intolerância alimentar?

Pesquiso muito sobre autismo, mas não tenho as respostas. Porém, tenho TODAS as respostas do Nicolas, meu filho: ele nunca fez dieta alguma e tem melhorado cada vez mais. É absurdo a melhora dele dos 12 anos para cá. Absurda! Não tem quem não se espante. Mas não irei dizer que dieta não adianta de nada, mas que a dieta certamente não adiantaria para o Nicolas, porque ele não é alérgico e nem intolerante a nada.

Para quem já foi em nossas palestras, sabe que ele é louco por guloseimas, mas sabem também que ele come muito bem aqui em casa. Como há caso de obesidade na família, procuramos comer bem aqui em casa: muitos vegetais, uma quantidade equilibrada de carne vermelha, saladas sempre, pouco açúcar, pouco refrigerante, alimentos preparados em casa, pouco fast food etc. Mas isso não é por causa do autismo, mas porque todos deveriam ter uma alimentação saudável.

CONCLUSÃO: podemos afirmar que todo autista é autista por causa da alimentação? NÃO! Há casos e casos. Pare de brigar e procure o que é melhor para o seu filho. Informe-se. Pesquise. Não desista. Mas pare de brigar e de afirmar que é ou não é.

MINHA OPINIÃO: vale levar a criança a uma dieta só porque me falaram que a dieta cura? E os testes? Descubra se é isso mesmo. Se for, claro que deve ser feito a dieta para seu filho. Se não for, não faça com que ele sofra ainda mais.

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AUTISMO E MEDICAÇÃO: Primeiramente, não existe remédio para autismo. Mas existem remédios que amenizam algumas comorbidades que a criança tenha além do TEA. TDA-H, esquizofrenia, epilepsia, entre outras, podem levar a criança com autismo a ter que fazer uso de medicação.

Algumas pessoas acham que sou contra medicação, MAS NÃO SOU CONTRA! O que me incomoda é quando vejo médicos medicando crianças que estariam muito bem se estivessem sendo tratadas apenas com terapias e com estímulos. Ou, ainda, quando a mãe está "cansada"e o médico acha que acalmar o filho com uma "medicaçãozinha" não fará mal algum e dará um descanso para a mãe. Será que não seria melhor medicar a mãe? E  não estou sendo irônica nem sarcástica. É verdade! Às vezes, a mãe não está mais aguentando e precisa de uma ajuda médica. Nem sempre o remédio irá ajudar. Na maioria das vezes, o problema pode ser resolvido com atividades, terapias, exercícios etc. Às vezes, ela realmente precisa de medicação. Mas dar remédio para o filho sem uma real necessidade, na minha opinião, é um crime, pois há uma série de contra indicações que podem ter consequências seríssimas e por muito tempo.

Mas é óbvio que se a criança precisa de uma medicação, quem sou eu para dizer que não? Doenças e síndromes existem e remédios estão aí para ajudar a tratar. Mas com parcimônia! Efeitos colaterais variam de pessoa para pessoa e há casos que estes efeitos são devastadores.

 O Nicolas nunca fez uso de medicação, mesmo tendo sido prescrito para ele por psiquiatras renomados. Escolhi não dar. Mas meu filho é meu filho e eu tomo as decisões por ele enquanto for responsável por ele. Decisões essas, baseadas em estudos, pesquisas e opiniões diferentes de outros médicos e especialistas.

Alguns alegam que a medicação é para ajudar na escola. Se é só para isso, será que não seria o caso de a escola aprender a trabalhar com inclusão?

ENTÃO, DE ONDE VEM O AUTISMO? O QUE É? POR QUE É TÃO VASTO ESTE LEQUE?

Dias atrás tive uma ideia louca, que também não sei se hoje será tida como louca e absurda e daqui há 200 anos será a explicação, mas se pensarmos de um ponto de vista da evolução, temos estudos comprovando que o ser humano tem nascido com diferenças de seus ancestrais devido a registros em nossos códigos genéticos. Exemplos rápidos são os casos do apêndice e da falta de dentes caninos (não vou falar sobre este assunto aqui, tem na Internet).  Será que não estamos registrando em nosso código essa falta de capacidade de nos comunicarmos direito e essa sociabilização prejudicada depois da Internet? Talvez seja muito precoce, talvez já tenhamos a capacidade de passar geneticamente algumas coisas que não tinhamos antes?

Conjecturas e loucuras à parte, uma afirmação pode ser feita hoje: AINDA NÃO SABEMOS AO CERTO QUAIS E QUANTOS TIPOS DE AUTISMO TEMOS. Mas já sabemos que há tratamentos diversos para os diversos tipos de autismo. E o mais importante: amar incondicionalmente seu filho para que todos tenham qualidade de vida e que sejam felizes.

Resiliência é palavra da vez. Amor sempre foi!