domingo, 28 de setembro de 2014

Nova palestra do Nicolas - e ele surpreendeu novamente!

O dia 27 de setembro de 2014, certamente, ficará em minha memória. Acredito que na memória de outras pessoas também...

Quem já acompanha a trajetória do Nicolas como palestrante, pode ver o quanto cresceu. Quem o viu pela primeira vez, surpreendeu-se.

Não foi raro ver pessoas que nunca tinham tido contato conosco saírem dali impressionados e apaixonados pelo Nicolas.

Mas, um dia, foi dito que o Nicolas viria para inspirar... C'était écrit...

Mais o que me chamou a atenção, de verdade, foi ver o quanto ele está crescendo e desenvolvendo. Eu moro com ele, dou atenção e estímulos a ele todos os dias, sou muito participativa em sua vida, o educo, acompanho suas dores e amores, suas lutas e conquistas, bem como as poucas derrotas, enfim. Estou ao lado dele para o que der e vier, mas o garoto tem conseguido me surpreender. Em casa, o convívio é diário, então temos percepção de seu desenvolvimento. Já as palestras, apesar de nossa correria, acontecem mais espaçadamente, e acho que é aí que está o ponto. ele não dá palestras todos os dias, mas desenvolve todos os dias. E acreditem, um dos grandes fatores para seu desenvolvimento tem sido as palestras. Depois que ele começou a palestrar, sua fala e sociabilização alcançaram patamares que não esperávamos!

Na palestra de ontem, ele disse coisas às pessoas que ele não conseguiria há pouco tempo atrás. Fiquei surpresa com as respostas que ele deu a todos que perguntaram a ele sobre escola, comportamento, educação etc. Não teve nada que ele não respondesse...

É, meu filho está crescendo e vejo cada dia mais o mover de Deus e nosso trabalho aqui na Terra dando certo.

Só mais um detalhe: ele preparou sua palestra sozinho desta vez. Até as figuras tiradas da Internet e organizadas no Power Point, o que ele sempre me pedia para fazer para ele, foi ele quem fez desta vez. Tudo organizadinho, do jeitinho que ele queria, do jeitinho dele... Tudo ele! Ele resolveu fazer uma nova palestra porque ele disse que cresceu e que sua palestra tem que crescer junto com ele. E foi maravilhosa. Mais leve, mais solto. A maioria dos slides eram fotos e ele olhava e falava o que queria. Ele falou sobre sociabilização, sobre sexualidade, sobre comportamento, empatia e sonhos.

E digo mais uma vez: Obrigada, Deus, pelo milagre da vida. A missão é dada e cada um cumpre da melhor maneira possível. Se eu tivesse acreditado quando me disseram que ele jamais falaria, jamais se sociabilizaria, jamais olharia em meus olhos, jamais... Obrigada, Senhor Deus, por ter plantado na minha cabeça uma esperança de que tudo seria possível se eu tentasse 100%.

Nunca veja seu filho como um fardo. Papel de mãe é para sempre. Só se cansa de ser mãe quando estamos mais preocupados com o que não conseguimos e deixamos de ver o quanto seria possível se lutássemos mais. Não consigo me ver cansada de lutar, e olha que já são 15 anos! Mas não vejo minhas forças esgotadas jamais. Enquanto eu respirar, irei seguir em frente e construir, juntamente com meu filho e com todos os que estiverem ao meu lado, um mundo melhor para meu filho e para todos os que puderem se beneficiar de nossas lutas.

Eu amo ser mãe!

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A todos os envolvidos com autismo: procurem palestrar em suas comunidades, levem as crianças, adolescentes ou adultos para palestrarem com vocês. Mostrem que eles têm potencial e até vocês irão se espantar com o que tem dentro deles... Há uma infinidade de amor e sabedoria prontinhos para serem disseminados.

Como montar sua palestra:
1. Decida sobre o quer/precisa falar: Superação? Escolarização? Descoberta e convivência com o diagnóstico? Terapias? Etc.;

2. Coloque em slides (Power point serve) de forma organizada e bem simples. Lembre-se: slide muito poluído não ajuda na hora da palestra, só atrapalha;

3. Faça com que sua palestra dure, no máximo, 25 minutos de fala. Deixe o resto para responder às perguntas, assim fica mais dinâmico e evita com que a maioria durma ou saia antes do final;

4. No caso da pessoa com autismo (ou qualquer outra síndrome ou deficiência) for falar, observe a capacidade de comunicação verbal desta pessoa. Ajude-a a construir poucos slides de início para que vá tomando mais confiança e desenvolvendo mais e mais a fala cada palestra. Se for o caso de alguém bem articulado, esta dica não interessa. Deixe-a livre para criar seus slides da mesma forma do que foi dito acima.

5. Deixe sua palestra dinâmica e com um pouco de humor. Ninguém quer ver ninguém se lamentando. Lembrem-se: Só conta vitórias aquele que lutou. Conte suas vitórias, fale das lutas, mas não enfatize o sofrimento, mas o resultado final.

6. Fale de planos futuros e perspectivas, afinal, existe vida após o autismo.

Crie, invente, seja livre. Se você achar que pode ajudar a alguém, é porque você já pode ajudar alguém.










terça-feira, 19 de agosto de 2014

Nicolas e Fernanda

ATENÇÃO: Este é o primeiro texto escrito pelo Nicolas para fazer parte deste blog. Ele tomou a iniciativa de escrever e me pediu para corrigir e anexar as fotos, bom coo mexer na formatação. Não corrigi muito para que não perca a originalidade. Espero que gostem de seu trabalho.

Anita Brito

Acho que vocês já conhecem a Fernanda Federici (mais conhecida como Fee ou Nanda), e hoje é a vez dela de receber uma homenagem depois da minha outra melhor amiga Izabelle Chistie junto com a minha mãe. Pra quem não sabe, a Fernanda é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ela me dá muitos conselhos, conversa comigo, me dá atenção, me elogia e me ensina muitas coisas. Claro que ela tem seus defeitos, assim como a Izabelle e eu também temos, mas a vida é assim. O que eu gosto nela são as qualidades, que são muitas!


Eu já sonhei com ela algumas vezes por que eu gosto muito dela, mas não se animem muito não, pessoal. porque todos esses ''sonhos'', na verdade, foram pesadelos acontecendo coisas horríveis com ela e nem me perguntem como foram, por favor! Eu, às vezes, abraçava ela com força de preocupação com ela nos dias seguintes. Às vezes, ela se isolava muito e eu fazia companhia pra ela no intervalo. Além de tudo isso, eu também já saí com ela, já fui na casa dela e fiz outras coisas além de tudo isso.


Eu mesmo considero a Fernanda uma pessoa muito especial na minha vida. E não só isso, mas também, como uma das pessoas mais bonitas desse mundo.


Eu não sei se vocês perceberam, mas as fotos que eu postei no Facebook com a minha mãe no dia 12/10/2013 era como se fosse uma espécie de ''Trailer'' para as homenagens das minha duas melhores amigas!!!

Fernanda, obrigado por você ser minha amiga e ajudar a cuidar de mim. Espero que a gente seja amigos para sempre.

Bem, pessoal. Este é o meu primeiro texto que escrevo. Não sei se vocês vão gostar, mas é uma homenagem para a
minha amiga e espero que ela goste.




















sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Nicolas e a banana prateada

Desde que o Nicolas começou a dar trabalho para comer, aos quatro meses e meio de vida, decidimos que "Se faz bem, que mal tem?". Então, ele come de tudo e não reclama (muito! rsrsrs)

Voltei de viagem e ele estava com o rosto lotado de espinhas. Foi logo me dizendo que, como eu não estava aqui, ele foi muito mimado pela família e acabou comendo muitas "besteiras", o que acarretou nas espinhas.

Depois de uma boa limpeza de pele, conversei com ele sobre a importância de se alimentar bem e sobre os alimentos que ele sabe que são mais saudáveis: frutas, legumes etc.

Bem, ele resolveu comer banana como café da manhã para substituir pelo achocolatado e comer mais legumes nas refeições principais.

Neste mesmo dia, ele teve aula de Biologia e, a professora de Biologia, a Leila Lopes que é um amor de professora e super competente, nos contou o que aconteceu na aula deste dia:

Nicolas e a professora Leila
O Nicolas é um fofo! Ontem, durante a aula de Biologia, estava eu comentando sobre os benefícios da banana. Ele participou muuuuuiiiiito!!!! 
Ele me disse que gostava de bananas... Então eu disse que banana era realmente muito nutritiva além de saborosa, e completei:

- Você comeu banana prata, nanica ou maçã? Acho que você comeu banana prata! 

Ao que ele respondeu:

- A que eu comi era amarela, professora! (com um ar de riso)

Rimos muito e ele completou: 



- Banana prata deveria ser prateada, não amarela!!!"


Opinião final da professora: Fofo! Sempre enriquecendo nossas aulas!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Se meu filho fosse...

Um poema para todas os pais e filhos

Se meu filho fosse deficiente visual, eu agradeceria a Deus todos os dias porque, mesmo sem sua visão, ele poderia me ouvir e falar comigo. Ele poderia enxergar meu coração como ninguém. Ele poderia me abraçar, andar ao meu lado. Poderia ser feliz por saber que é amado e desejado.

Se ele fosse deficiente auditivo, eu daria graças a Deus por ele poder me ver. Demonstraria a ele com meu olhar e meus gestos, tudo que minhas palavras não pudessem expressar. Eu mostraria a ele o quanto ele é amado e desejado. Eu calaria o silêncio de seus ouvidos com o amor de minhas palavras.

Se ele fosse mudo, ainda assim ele poderia me ver e me ouvir, e eu daria graças a Deus de poder caminhar ao meu lado e me dizer em gestos simples do dia a dia o quanto ele me ama. Eu daria voz aos seus gestos e escutaria suas palavras mais profundas ditas com seu coração.

Se ele fosse deficiente físico, faria uso de suas faculdades mentais para interagir comigo, não precisaria de nenhuma parte de seu corpo para mostrar seu apoio a mim em tempos difíceis ou de rir comigo nos momentos felizes. Ele seria igualmente amado e desejado e eu daria graças a Deus de tê-lo ao meu lado. Eu criaria movimentos para ele.

Se meu filho fosse autista, verbal ou não verbal, eu passaria minha vida procurando maneiras para me comunicar com ele de alguma outra forma. Se ele não olhasse nos meus olhos, procuraria seu amor em cada sorriso seu, em cada vez que ele respirasse, em cada movimento irregular de seu corpo... Eu daria graças a Deus de ele estar vivo e faria com que ele soubesse, todos os dias, o quanto foi amado e desejado nem que tivesse que reinventar a vida ou a forma de viver. Eu faria o impossível para tê-lo ao meu lado.

Se ele tivesse Síndrome de Down, acreditaria em suas potencialidades e riria com ele, choraria quando necessário, andaria com ele só para ouvi-lo falar de suas ideias. Daria graças a Deus por sua vida e faria com que ele soubesse, dia após dia, o quanto é amado e desejado. Eu aproveitaria cada sorriso seu para transformar em um sorriso meu.

Se meu filho não tivesse nenhuma síndrome, deficiência ou diferença, eu mostraria a ele, todos os dias, para que ele visse, ouvisse, interagisse e se fizesse ouvir, o quanto ele é amado e desejado. Daria graças a Deus e amaria cada conquista dele como se fosse a maior, ou a última...

Valorize seu filho, não suas deficiências. Veja quem ele é além da barreira que a sociedade coloca. Acredite que se ele veio a você assim, é porque é assim que tem que ser. Cabe a você encontrar forças onde os outros vêem as fraquezas. Faça com que seu filho saiba que ele é amado e desejado, seja ele como for. Ele é especial. Filhos são especiais...

Anita Brito

terça-feira, 29 de julho de 2014

Nicolas e Izabelle

Acho que vocês já viram a Izabelle por aqui, mas irei reapresentá-la a vocês.

Há alguns anos, fui professora da Belle e, já naquela época, eu me preocupava com inclusão de alunos. Havia um garoto na sala dela que era autista e que não falava com ninguém. Incentivei o grupo da Belle (que tinha a Fernanda, da qual falarei depois, em um outro post) a "adotar" o aluno e ajudá-lo nas atividades de sala e nos trabalhos. Resultado final: no segundo semestre, ele já estava dando seminários e participando de todas as atividades propostas por mim e por alguns professores que se interessaram em ajudá-lo.

Quando o Nicolas foi para o Ensino Fundamental, minha preocupação foi muito grande, uma vez que foi na época que ele teve problemas com bullying na escola. Nesta época, a Belle havia mudado de escola. Quando ela voltou a estudar no Colégio Elyte, começou a participar de algumas atividades que eu faço com os jovens (praticar o bem aos outros, desenvolver o lado altruísta, ajudar aos necessitados etc.). Foi aí que ela conheceu o Nicolas e, algum tempo depois, o Humbert (o irmão intercambista do Nicolas que ele tanto ama e que já falamos dele aqui antes).

O Nicolas e o Humbert se davam muito bem e o Humbert vivia incentivando o Nicolas e ajudando-o em vários aspectos. Inclusive, a estadia do Humbert aqui em casa só ajudou mais e mais na evolução do Nicolas. Mas, quando o Humbert foi embora, o Nicolas sofreu muito. Ele disse que foi a primeira vez que ele experimentou "saudade" e que não gostou nada do sentimento...

Bem, Nicolas viu-se meio que perdido sem o irmão-intercambista e resolveu dar uma chance para outras amizades. Apesar de já conhecer a Belle e gostar dela, o Nicolas aproximou-se ainda mais dela, pois ela também era muito amiga do Humbert. Então, Nicolas decidiu que era hora de sair para o intervalo da escola e enfrentar algo novo para ele (que sempre o assustou!).

Depois da primeira vez que ele foi ao intervalo da escola, super incentivado pela Belle, ele nunca mais se trancou na sala de aula. Aí a amizade dos dois cresceu demais e Nicolas foi amando cada vez mais essa amiga que ele chama de IRMÃ com o maior carinho.

Já saíram juntos várias vezes, se falam pela Internet, pessoalmente, se divertem, se entendem...

Mas na semana passada, eu estava viajando e Nicolas me ligou só para me dizer que ele, sozinho, descobriu o porquê de ele gostar tanto assim dela. Ele me disse que ela tem todo o jeitinho de falar com ele assim como eu falo. E que entende ele assim como eu entendo. Que o ensina quando ele faz algo de errado com o mesmo tom de voz que eu uso e que dá carinho a ele assim como eu dou. Ele me disse com todas as letras:

- Eu vejo você nela.

Isso me emocionou muito, porque eu dou conselho aos alunos como tratar o Nicolas ou qualquer outro aluno autista (ou qualquer outra pessoa, pois sempre prego o respeito e a tolerância com o próximo), mas saber que a Izabelle faz tão bem seu papel de amiga assim, me emocionou demais! Tanto ela, quanto a Fernanda são uns amores com o Nicolas e o tratam com tanto carinho...

Bem, só escrevi este post porque o Nicolas me pede todos os dias desde a semana passada:

- Mãe, será que você pode colocar no blog aquela história que te falei da Belle?

Agora vou parar de escrever e dar para ele ler. Se ele aprovar, vou publicar.

Obs.: Ele disse que era isso mesmo que ele queria. Fez os retoques necessários e me pediu para publicar :-)

À bientôt :-)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Happy Feet, o Pinguim... Happy?

 O Nicolas simplesmente ADORA assistir ao filme Happy Feet, o Pinguim e, recentemente, assistimos a esse filme algumas vezes, uma vez que estava repetindo muito em uma TV a cabo.

Acho que já comentei com vocês que o Nicolas ama repetir algumas coisas (alguns autistas adoram!) e não é diferente com esse filme. Ele adora algumas partes mais que outras, o que é normal. Porém, notei que ao assistir a algumas partes, o Nicolas fica um pouco triste, o que também normal, uma vez que há algum drama na história.

Perguntei ao Nicolas o que o deixava triste, meio que já esperando a resposta, pois eu acreditava que ele responderia que estava com dó do pinguim. Sim, ele estava com dó do pinguim, porque ele entende que ele está sendo rejeitado, mas também, disse-me ele, porque é assim que ele se sente quando ele tem vergonha de alguma coisa.

Perguntei então a ele, o que que ele faz de diferente a ponto de sentir esta tristeza. Então, ele me disse que, às vezes, tenta participar de algumas conversas e convenções sociais e se sente deslocado e com vergonha.

Perguntei o porquê de, já que ele se sente desconfortável, tentar participar "destas coisas"? Ele olhou para mim espantado e disse: "Ué, como é que eu vou ser feliz se eu não tentar? Dá medo e vergonha às vezes, mas é a vida!"

Ele continuou assistindo e eu fiquei um tempo parada, olhando para ele... Existe limite? Até aqui, ele tem feito como ele quer e não é forçado a nada. Tem total consciência de sua condição, é muito feliz e tenta cada vez mais ajudar a si próprio e aos outros. Mas, e essa vontade de conseguir, de onde vem? Eu sei que não tenho colocado nada em sua cabeça para fazer com ele "mude e deixe de ser autista", contudo, vejo também que não é isso que ele quer. Vejo que ele só quer se encaixar... Ser autista e aceito!

Ao vê-lo gargalhar em uma das partes do filme, aquela gargalhada gostosa e cheia de vida. Daquelas que você, mesmo sem querer, ri junto, percebi que ele se assemelha mais a esse pinguim do que ele imagina. Ele nasceu diferente dos outros, foi rejeitado por uns, não aceito por outros, ridicularizado, questionado, deixado de lado, não entendido por alguns até mesmo da família e ainda tem gente que para tudo o que está fazendo para acompanhar as aventuras do Nicolas...

Ele já veio para mudar! Assim como o pinguim,  que depois de tanto ser apontado como o diferente, mostrou que sua diferença poderia abrir os olhos dos outros. Foi sua diferença que acordou aos humanos e aos pinguins mais velhos. Foi sua diferença que trouxe paz a seu povo e entendimento entre os desiguais.

Nicolas, ainda bem que você nasceu diferente, meu filho. Eu não me transformei em uma pessoa melhor por ser mãe de um autista. Eu procuro melhorar a cada dia porque eu amo ser SUA mãe, meu amor. Obrigada por me ensinar tanto e levar um pouquinho de esperança a alguns.

Lembrem-se: o mundo vai muito além do que imaginamos. As mudanças podem, e devem, começar em nosso próprio meio para que reflita no mundo.


Nicolas aos 05 anos, quando começou a falar um pouquinho...



quinta-feira, 19 de junho de 2014

Premiação do Livro Meu filho ERA autista



É com imenso prazer que compartilho com vocês que nosso livro, "Meu filho ERA autista - a história real de um garoto que nasceu autista e aprendeu a viver em dois mundos", foi premiado com o Prêmio Orgulho Autista 2013-2014. 

Faltam-me palavras para agradecer 



Segue lista completa dos premiados:
LISTA DOS VENCEDORES DO IX PRÊMIO ORGULHO AUTISTA 2013/2014:
I - Livro Destaque:
MEU FILHO ERA AUTISTA - AUTORA: ANITA BRITO - ED. NBS CONSULTORIA - JANDIRA/SP

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II - Escola Destaque:
ESCOLA MUNICIPAL ABRAHÃO HERMANO RIBENBOIM - RESENDE/RJ
DIRETORA: MONICA VIEIRA DE AVILA BARBOSA
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III - Professor Destaque
TADEU MONTEIRO – DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB
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IV – Médico/Profissional de Saúde Destaque
CHRISTIAN MULLER – HOSPITAL DA CRIANÇA - SUS - DISTRITO FEDERAL
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V - Psicólogo Destaque
1)LILIA JANBARTOLOMEI – CASA DA ESPERANÇA - FORTALEZA/CE
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VI - Político Brasileiro Destaque
DEPUTADA FEDERAL ROSINHA DA ADEFAL - MACEIÓ/AL
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VII - Imprensa Rádio Destaque
MIGUELZINHO MARTINS – PROGRAMA ENFOQUE JURÍDICO - EMPRESA BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO
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VIII - Imprensa Televisão Destaque
LÚCIA ABREU – PROGRAMA CENAS DO BRASIL - NBR
PROGRAMA EXIBIDO EM 07/02/13 SOBRE A LEI BERENICE PIANA.
https://www.youtube.com/watch?v=ZT7JCLhCvjQ
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IX - Imprensa Escrita - Revista Destaque
ANA PAULA FONTES - REVISTA CRESCER -AS CONQUISTAS DE UMA CRIANÇA AUTISTA - SP
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI220964-10496,00-AS+CONQUISTAS+DE+UMA+CRIANCA+AUTISTA.html
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X - Imprensa Escrita - Jornal Destaque
LUIZ FERNANDO VIANNA – FOLHA DE SÃO PAULO
O AUTISMO NA ERA DA INDIGNAÇÃO - PUBLICADO EM 17/03/2013
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1247106-o-autismo-na-era-da-indignacao.shtml
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XI - Imprensa Fotografia Destaque
FAUZER COSTA – CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - DF
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10202979294754984&set=gm.639084756172083&type=1&theater
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XII - Internet Destaque
CARLY FLEISCHMANN
https://www.facebook.com/carlysvoice
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XIII - Pessoa e Organização Não-Governamental Destaque
ALEXANDRA ONIKI - CIAAG- GUARULHOS- SP
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XIV - Pessoa e Órgão Público ou Empresa Privada Destaque
GIANO COPETTI – INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA
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XV - Atitude Destaque
TEMPLE GRANDIN - EUA
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Da mesma forma como ocorreu em todas as edições anteriores, o IX Prêmio Orgulho Autista 2013/2014, será entregue nos estúdios da Rádio Nacional, em Brasília, com transmissão ao vivo para todo o Brasil. Desta vez, a entrega será em 09 de outubro de 2014, Dia do Autismo no Orçamento 2014.
Muito obrigado.
Fernando Cotta - Presidente
Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho

domingo, 15 de junho de 2014

Intercâmbio Brasil-França

Evento para 450 pessoas
Ontem, participamos de um evento em Campinas, SP, e Nicolas foi aplaudido de pé, por cerca de 450 convidados. Mas, como chegamos até lá?

Tudo começou quando recebemos um intercambista em nossa casa no final do ano de 2012. Ele morou conosco por cerca de quatro meses, mas conviveu com nossa família por quase um ano. Humbert Moreaux, francês de 19 anos, veio para o Brasil para passar um ano em uma outra cultura e para aprender muito sobre ele mesmo, afinal, ele chegou aqui um menino de 17 anos, meio assustado, tímido e cheio de receios e saiu daqui um homem.

Nicolas e Humbert
Eu, Manu, Renata e Isabelle, esposa
 de Manu e mãe de Humbert.
Quando Humbert veio morar conosco, explicamos a ele que nosso filho era autista e se ele não se importaria de morar em uma casa que tivesse uma criança especial. Ele prontamente respondeu que não. Perguntei a ele se ele sabia o que era autismo, ao que ele disse ter uma pequena ideia, mas não sabia exatamente o que era. Expliquei a ele que era muito fácil conviver com o Nicolas e que ele era estimulado o tempo inteiro para que pudesse desenvolver mais. Não demorou muito para que uma amizade linda nascesse. Nicolas e Humbert logo se tornaram irmãos e o carinho com que ele cuidava de Nicolas era emocionante. Ele nos ajudou muito em uma fase que o Nicolas estava em pleno desenvolvimento. As brincadeiras, os cuidados, as ajudas nas lições e nas conversas etc.

Fotos expostas no telão.
A família de Humbert ficou sabendo da amizade que se fez aqui no Brasil e logo essa amizade se estendeu para as famílias. Quando fui para a França, para pesquisar sobre autismo, fui tratada como uma rainha! O carinho de sua família para com a minha era, e ainda é, uma delícia. Uma amizade que queremos que dure para sempre...

Quando Emmanuel Moreaux, pai de Humbert, teve contato com nossa família por Skype, e mais tarde comigo pessoalmente, me ofereceu uma coleção de fotos para que pudéssemos vender e arrecadar fundos para a "associação do Nicolas". Porém, o Nicolas não tem uma associação. Então, oferecemos esta coleção de fotos para algumas associações para que organizássemos uma grande festa para arrecadar fundos. Emmanuel é um renomado fotógrafo na Europa e suas obras são simplesmente encantadoras.
Nicolas falando de seu amigo Manu

Nicolas falando de seu irmão Humbert
A Katia Coutrim acreditou no projeto e levamos a proposta à Dra. Sueli que, prontamente, começou a organizar um super evento em Campinas para arrecadarmos fundos para o PAICA (Projeto de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente). Uniram forças sem medir forças ou esforços e, no dia 14 de junho de 2014, o evento foi realizado com todo o sucesso possível. A "Turma do Macarrão",  o Senhor Norimiti Higa e mais uma porção e pessoas se reuniram durante semanas e venderam cerca de 450 convites. O salão estava cheio e tudo estava maravilhoso!

Infelizmente, nosso artista, Emmanuel Moreaux, teve um grave enfarto dois dias antes de embarcar para o Brasil e foi hospitalizado. Ficou duas semanas internado e, ao acordar, só se preocupava com a exposição aqui no Brasil. Cuidamos de tudo para que ele tivesse seu devido reconhecimento. Emmanuel é maravilhoso tanto em sua arte, quanto como pessoa. Dedicado a seu trabalho e apaixonado pela vida, Manu (como o chamamos carinhosamente) doou parte de seu trabalho para ajudar famílias que ele nem ao menos conhece.

Muito orgulho!
Ontem, durante o evento, Nicolas fez uma homenagem a nosso artista-amigo/amigo-artista e foi emocionante. Nicolas foi aplaudido de pé por todos os presentes no salão. Uma salva de palmas longa em homenagem ao Nicolas, ao Emmanuel e a todo aquele que acredita que o tratamento ainda é a melhor saída para darmos qualidade de vida aos nossos filhos.

Manu, você não pôde estar aqui conosco, presente, mas estava dentro do coração de cada um que tem orado por você para que você se recupere logo e plenamente.

Nossos mais sinceros agradecimentos e nosso carinho eterno a você <3


Manu e eu - 14 de julho de 2013








quinta-feira, 5 de junho de 2014

TEA e inclusão escolar: um sonho mais que possível

Nicolas estreia como coautor deste livro inspirado em sua trajetória na escola.

Segue um trecho de seu discurso, o qual é parte integrante do livro:
"Tenho consciência de que hoje eu não tenho capacidade de entrar em uma faculdade como todos vocês terão, ao menos não hoje (não sei no futuro), mas aprendi a me socializar, aprendi a entender melhor as pessoas, aprendi o que é ser amado, além do amor que eu tinha da minha família. Aprendi o quanto as pessoas podem ser boas ou ruins, dependendo de suas escolhas. Aprendi a escrever, a fazer uma conta simples e a jogar esportes em grupo. A cada palavra estrangeira, ou em minha língua, a cada lição mais científica, que às vezes escapava ao meu entendimento, a cada tabuada tomada, a cada história contada ou mundo explorado, a cada tudo que me foi passado, eu aprendi o melhor: aprendi a entender o mundo e a entender que existe mais além da minha imaginação."
Nicolas Brito Sales


"Incluir não significa tentar “curar” o educando ou adequá-lo a métodos já existentes e fossilizados. Incluir significa trabalhar com todos dentro de suas habilidades diferenciadas; aprimorá-las, desafiá-las...  É respeitar e entender as capacidades de cada um sem esperar um modelo ideal. É aprender e ensinar que o ser humano pode e deve crescer dia-a-dia sem que seja tolhido por uma sociedade segregadora, excludente e discriminadora."


Anita Brito

sábado, 17 de maio de 2014

Nicolas e Féfé

Engraçado, mas NUNCA pedi um só autógrafo em toda a minha vida. Não porque me ache melhor ou pior que alguém, mas nunca tive este desejo. 
Mas depois que nos tornamos mãe, tudo muda! Aí começamos a fazer coisas que não faríamos por nós, mas que certamente fazemos por nosso filhos. ÀS vezes, deixamos de fazer algo que fazíamos também por eles. E é assim a vida de mãe e pai dedicados. Não são anulações ou loucuras, mas escolhas que fazemos só para ver a alegria de quem mais amamos irradiando.

A Fabiana e a Janaina, da Agência Inker, nos atenderam e foram extremamente simpáticas e prestativas. Através de um anúncio que coloquei no Facebook, a Silvia Ruiz entrou em contato com a Fabiana e disse a ela sobre o desejo que o Nicolas tinha em ver e falar com o Féfé. A Fabiana entrou em contato comigo e marcou tudo. Foi super atenciosa e me posicionou o tempo todo para que eu pudesse preparar o Nicolas e segurar sua ansiedade.

 Este é o DJ. Ele, além de muito talentoso, faz um backing vocal de matar! Foi muito simpático e conversou conosco. Deu toda atenção ao Nicolas :-)

Até que chegou o Féfé! O Nicolas ficou tão feliz que foi difícil não chorar, mas eu aguentei! rsrsrs Quando ele disse "Boa noite" em Português para o Nicolas, foi maravilhoso! O Nicolas adora quando algum estrangeiro fala português. Assim que o Féfé disse "boa noite", o Nicolas logo respondeu com um sorrisão: "Bon soir"! :-)

 O Dave nos acompanhou e foi o fotógrafo da noite. O Nicolas fez questão que o Dave estivesse junto porque ele sabe que o Dave adora o Féfé. Tivemos a oportunidade de ver um show no ano passado.
 Este foi o o momento que o Féfé chegou para conhecer o Nicolas. Olha a alegria e simpatia dele. Mesmo com a foto borrada, é possível perceber a simpatia do cara.
 Ele conversou conosco, foi super simpático e se emocionou com o Nicolas cantou a música dele "Le charme des premiers jours"... Eu quase chorei de ver a reação do Féfé.

Só podemos agradecer à Agência Inker, nas pessoas da FAbiana e da Janaína e à Silvia, que nos proporcionou este momento.
Quando estávamos voltando para casa, o Nicolas disse: "Puxa, mamãe. Valeu a pena! Hoje foi um dia feliz!!!"


Féfé, tu es vraiment spécial !


sábado, 3 de maio de 2014

Um dia e tanto para o Nicolas

Nicolas e Tainara
E ontem à tarde o Nicolas superou mais uma barreira. Desta vez, ele recebeu em casa, pela primeira vez, uma amiga só dele. Foi muito legal vê-los conversando, jogando e interagindo.

O Nicolas estava muito ansioso com o fato de receber uma amiga em casa pela primeira vez. Todas as vezes que ele recebe alguém, sempre é alguém que já é amigo da família, então, ele fica mais confortável. Mas desta vez foi diferente! Ele recebeu uma amiga de escola e preparou uma linda mesa de café da tarde para ela. Depois, jogaram videogame, falaram de filmes, falaram sobre assuntos triviais, riram muito, o Nicolas levou a Tainara para conhecer o "Santuário do Mário" que ele tem em casa e muito mais.

Foi muito bom vê-los juntos e ver que ele está conseguindo, dia após dia, dar passos na direção que ele mesmo escolheu: ser parte da sociedade em que ele convive.

É simplesmente maravilhoso ver meu filho sendo feliz...
Obrigada por sua amizade, Tainara. Você é linda e uma pessoa maravilhosa :-)


Depois, fomos a um jantar na casa de amigos queridos, Michael e Ju. Eles têm uma linda filha, a Julia, e o Nicolas estava tentando fugir dela o tempo inteiro. Nós incentivamos o Nicolas a tentar brincar com a Julia, porque ela é uma criança super bem educada (coisa rara hoje em dia) e o Nicolas resolveu tentar.

O coração dele disparou quando começou a brincar com ela, mas foi ficando mais confortável ao ver que ela não representava nenhum perigo a ele ou à humanidade! :D

No final da noite, ele já estava pegando ela no colo e muito confortável com a criança.

Parabéns pela educação que essas mães têm dado a seus filhos. Está cada vez mais difícil encontrar crianças educadas e com limites, bem como adolescentes entendendo as diferenças dos outros.

Sim, tenho esperança que o mundo ache um equilíbrio onde todos possam viver em sintonia.

O medo do Nicolas por crianças está mais relacionado ao fato de elas serem imprevisíveis e de começarem a responder aos pais ou falar palavrões, por exemplo. Ele não gosta da imprevisibilidade que a criança traz. Isso traz desconforto a ele.

Já os adolescentes, ele tem medo do bullying, mas devido a estar frequentando a escola regular e não ter passado por isso nos últimos anos, ele tem se sentido um pouco mais confortável perto deles. Na escola ele já não tem nenhum problema, mas em lugares públicos, onde há uma concentração de adolescentes, ele procura se afastar.

Acredito que isso suma com o amadurecimento. Ele tem muito potencial dentro de si e já sabe disso.

Parabéns filho! Cada vitória sua é uma festa para nós e para os anjos no céu.

Sempre te amaremos e te apoiaremos. Enquanto estivermos na Terra, faremos nosso melhor para que você seja sempre feliz.
Nicolas e Julia: linda e educada :-)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Após 72 anos, descubro que meu pai é autista...



Arnaldo, brasileiro, 72 anos, aposentado, pai de 06 filhos, casado...

Durante 72 anos, Arnaldo viveu sem saber que estava dentro do espectro autista. Nem a família desconfiava que seria isso, uma vez que, em sua infância nos anos 1940 e 1950, os estudos ainda estavam na fase inicial tanto nos Estados Unidos quanto na Áustria. Os diagnósticos no mundo só foram se popularizando a partir da década de 1980, mas no final da década de 1970 já haviam vários casos, contudo, ainda eram tidos como raros.

No Brasil, o diagnóstico já existe desde a década de 1980 também, porém, o conhecimento sobre a síndrome só foi realmente popularizada, tanto no meio médico, quanto nas famílias, no final da década de 1990 e começo dos anos 2000.

Por que procurar o diagnóstico para alguém que está com 72 anos?

Nossa relação com nossa pai não foi das mais fáceis, pois não entendíamos o porquê de ele ser como era. Ninguém nunca entendeu: amigos, familiares próximos e mais distantes, colegas de trabalho. Ele sempre foi o que foi, ninguém entendia, mas também ninguém se preocupava em saber o porquê de ele ser como era. O que as pessoas geralmente faziam era se afastar dele e de nossa família.

Depois que soubemos o que era o autismo, fomos tratar de cuidar de nosso filho e fomos aprendendo dia-a-dia como lidar com ele. Com os avanços em pesquisas em todas as áreas e com muita leitura, fui percebendo traços em meu pai e comecei a observá-lo. Falei com minha mãe que, imediatamente, começou a perceber vários aspectos. Meus irmãos não concordaram muito, porque já estavam acostumados com o "jeito de ele ser".

Com o Nicolas maior, fomos notando cada vez mais semelhanças no comportamento dos dois e fomos notando como meu pai preenchia várias características:
* Não tem amigos e não tem laços fortes nem com familiares (mesmo os de dentro de casa);
* Quando gosta de alguém, é só daquela pessoa e não tem uma relação como a que qualquer um teria: cisma com uma pessoa e só conversa com essa pessoa sempre sobre os mesmos assuntos ;
* Ausência de olhar: nunca olha diretamente para nós. Conversa muito pouco e olhando para as unhas ou para o teto. Às vezes, tem aquele olhar distante, mas nunca para nosso rosto;
* Cada filho que nascia, ele se apegava àquele e não falava mais com os outros. Nunca foi de sentar e conversar para dar conselhos. Alguns de nossos amigos não sabiam que tínhamos pai ou, quando sabiam, achavam que ele era mudo;
* Sua coordenação motora não é nada boa;
* Guarda objetos por um longo tempo, sem o menor motivo e, quando se cansa, se desfaz de tudo, mas leva anos para que isso aconteça.
* Fica sempre isolado em casa. Se estão todos na sala, ele fica no quarto, se tem alguém no quarto, ele vai para a sala e assim por diante. É nítido que ele se sente melhor quando está sozinho;
* Nunca foi viajar conosco porque não gosta de ficar longe da casa dele;
* Fala sempre dos mesmos assuntos. Sempre! A falta de repertório é gritante;
* Tem sempre as mesmas roupas e se veste sempre do mesmo jeito. Só compra outra em caso de necessidade;
* É metódico com suas coisas. Tudo tem que estar onde ele estabelece. Se sair dali, perde a cabeça e quebra alguma coisa. Já quebrou todas as cadeiras de casa quando éramos pequenos, porque saíamos da cadeira e não a colocávamos em baixo da mesa. Aí ele pegava a cadeira, quebrava e jogava os restos no quintal. Não suporta ver nada fora do lugar.
E muito mais...

Quando suspeitei que meu pai fosse autista, comecei a tratá-lo como tratava o Nicolas e nossa relação melhorou 1.000 por cento. Para que eu pudesse entendê-lo, e até perdoá-lo por algumas faltas, precisei ver quem realmente era meu pai. Agora existe uma relação entre nós e eu tento estimulá-lo sempre.

Meu marido, sempre ao meu lado, me ajuda muito. Nós o levamos para passear em alguns lugares, às vezes, vamos à sua casa e estamos sempre puxando assunto com ele, vamos até lá quando ele fica sozinho (quando minha mãe tem compromissos na igreja) etc. Aliás, ele adora meu marido.

Nesta sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014, tive a confirmação de uma psiquiatra de que meu pai está sim dentro do espectro autista. Ele está de parabéns por ter formado uma família e, agora, esta família entende quem é esse patriarca que já foi taxado de tantas coisas por vizinhos, pessoas próximas e por nós mesmos por falta de entendimento e conhecimento.
Eu achava que devia isso ao meu pai enquanto ele está vivo. Eu não queria que el morresse incompreendido.
Arnaldo (meu pai) e seu neto, e grande amigo, Nicolas

Alguns pontos a serem observados
Meu pai nasceu aos 30 de novembro de 1941, no estado da Bahia, em uma região de extrema pobreza. Nunca foi vacinado e nunca fez nenhuma dieta especial.

Sim, estamos mais felizes com esta descoberta. Explica muito e ajuda mais em nossa relação com ele.

Ainda bem que, mais uma vez, Deus nos deu uma nova chance.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Palestras 2014

Neste dia 29 de março de 2014, estaremos em Volta Redonda, Rio de Janeiro com nossa palestra.


















Já no dia 05 de abril, Nicolas e eu estaremos em Itajubá, Minas Gerais.











No dia 02 de abril, estaremos em Contagem, Grande BH, em Minas Gerais. 
Dia:02/04
Horário:13h ás 17h
Local: Villa Real (Recepção e Eventos)
Rua: Manuel Pinheiro Diniz ,172 - Bairro: centro- Contagem
Informação: amaiscontagem@yahoo.com.br
Josy - 8766-0543
Dayse - 2564-7006
Luiz de Freitas - 3352-4071 /9665-4071




Dia 04 de abril, sexta-feira, será a vez da Apae de Itapevi, São Paulo.

No dia 12 de abril, São João da Voa Vista (depois coloco mais informações)

E ainda tem Rio Grande do Sul no final de abril (colocarei mais informações em breve).

Nossas palestras são gratuitas e nos trazem muita alegria, pois temos oportunidades únicas em cada uma delas.

domingo, 2 de março de 2014


Nicolas ... Meu Deus! Cada dia nos enchendo mais de orgulho! Ele sempre teve PAVOR de criança. Ultimamente, tem se superado. Mas pegar uma recém-nascida no colo? Parecia inimaginável. Hoje, pegou a Clarinha, filha dos nossos amigos Adilson Daniela Teixeira. A emoção tomou conta do local. Claro que depois ele foi tomar um copo de coca-cola para se "acalmar",mas fala sério, como o próprio Nicolas diz: "Não é uma grande evolução para um autista?" 





sábado, 4 de janeiro de 2014

Autismo e novela das 21:00 - último capítulo


Desde que a novela "Amor à Vida" iniciou, sou questionado toda semana (às vezes todos os dias) o que eu acho da atuação da atriz Bruna Lizmeyer, se tem algo a ver com  Nicolas etc.

Ou então já escuto uma crítica ao trabalho num geral. O que mais criticam não é a atuação da atriz, mas os fatos ali relatados e como são abordados.

Bem, para quem já participa de minha vida no cenário do autismo sabe que eu tenho algumas frases que repito sem parar: "Cada caso é um caso", "Seu filho não tem que ser igual ao meu, pois todo ser é único", "Cada um desenvolve, ou não, de uma forma", e assim por diante.

Um dos maiores medos que tenho ouvido de algumas mães de autistas é o fato de se voltar à tona da teoria da "Mãe geladeira", termo cunhado e difundido pelo psicanalista Bruno Bettelheim, nos anos 1950 e 1960, em seus artigos acadêmicos e, mais tarde, em seu livro "The empty fortress" (A fortaleza vazia). Só de escrever sobre o assunto, passo mal!

O que acontece é que este artigo continua a influenciar uma série de psicanalistas, e até mesmo de psicólogos, os quais insistem em dizer que autismo é resultado da falta de afeto da mãe para com seu filho. Este assunto foi vagamente discutido em meu livro "Meu filho ERA autista..." Graças a Deus que não são todos os profissionais que pensam assim.

Ao assistir a alguns capítulos, notei que a personagem Linda é autista (é bem óbvio). O trabalho da atriz, em minha opinião, está bom e retrata uma autista que tem pais, principalmente a mãe, super-protetora. Já temos aí um inverso da mãe geladeira, pois, se lermos com atenção o que isso significa, veremos que esta mãe está fazendo, de forma exagerada, o oposto. A mãe, na novela, também não trabalha para o desenvolvimento da filha. Ela a trata na base do: "Já que é autista, vamos proteger do mundo lá fora e cuidar dela aqui dentro. Ela não desenvolve mais que isso" (ao menos ao meu ver).

Com o passar do tempo (lembrem-se que houve uma época da novela que mostrou o passar do tempo: Valdirene teve filho, mas não acompanhamos toda a gravidez, Atílio foi preso por bigamia, muita coisa mudou e meses se passaram em alguns minutos em um capítulo que explicava isto. Com certeza Linda, que já havia começado terapia com um psicólogo do Hospital San Magno, também fez parte deste "passar de tempo". Então não é tão ilógico que ela tenha desenvolvido "do dia para a noite"!

Outro ponto é que muitas mães estão crucificando e dizendo que "aquilo" não é autismo. Que o autor e a atriz estão acabando com a imagem de "nossos autistas", que aquilo é um absurdo, pois não retrata o autismo como deveria. Outras dizem que deveria ter colocado Asperger, outros, clássico, outros, menino, já que a incidência maior é em meninos, outros... Leia o Facebook e encontrará quinhentas sugestões.

Muitos reclamaram, também, que a Linda aparece pouco, lembremos que é uma novela e que o personagem principal não é a Linda. Enquanto nunca houve um autista em novela, reclamavam, agora que tem, reclamam! Se tirar a personagem da novela, é preconceito, se fizer qualquer coisa, não irá agradar a todos.

Minha opinião é: ao menos foi colocado o assunto. A novela não é sobre autismo e nenhum autista é igual ao outro, então não procuro meu filho retratado ali, mas sim o autismo, de algum âmbito, retratado dentro de uma família. Eu gostaria tanto que, ao invés de saírem gritando feito loucos que "a novela é um absurdo", que explicassem às pessoas próximas a vocês que cada caso é um caso e que aquele não retrata seu filho, mas que há sim, crianças e famílias como aquela, em situação melhor ou pior.

Quando o Nicolas foi entrevistado pela Record, teve gente que perdeu seu tempo para dizer que a televisão só mostra o "lado bom do autismo" OI? "Lado bom"?

Bem, para mim tem sido assim: há o autismo lá na novela e há o nome autismo circulando mais e mais. O que faço é observar alguns pontos com as pessoas e dizer que isso está bom e que isso talvez aconteça com um, mas não com outro.

Da mesma forma que temos gente criticando, tem gente dizendo que a personagem representa seu filho, mas que a mãe não a representa. Simples assim!

Que bom que o assunto veio à tona na novela das 21:00 da Rede Globo... Tem muito mais gente sabendo que existe autista. Cabe a mim, e a você que ama seu filho, elucidar alguns pontos.

Nem todo homossexual é mal igual ao Felix ou bobo demais igual ao Nico. Nem toda mulher que é, ou foi amante (não concordo com amantes, acho que temos que respeitar nossos lares e famílias), é ruim e vingativa como a Aline. Nem toda prostituta é igual à Edith. Nem todo filho adotado é afro brasileiro como o Jaiminho. Nem toda vendedora de cachorro quente já foi Chacrete, como a Marcia... E a lista é infinita. Todos somos seres humanos únicos.

Hoje o Nicolas me disse que gosta do trabalho dela, que ele não é igual a ela porque foi estimulado e mãe dela é uma besta que não deixa ela viver, mas que ela não é autista por causa da mãe...

Bem, desculpem-me a todos os que não concordam comigo, eu os respeito muito, mas muito mesmo, mas honestamente, eu, do alto de minha humilde passagem por este mundo, sou grata a Deus por ter tido a oportunidade de ter um autista na novela. Não tenho preguiça de explicar para as pessoas e tenho prazer em falar sobre o assunto.

Minhas lutas e conquistas são motivo de orgulho para mim. Procuro partilhar minhas conquistas, que são resultados de minhas lutas...