terça-feira, 21 de julho de 2015

O que aprendi em 16 anos de maternidade. Será?

O que eu ACHO que aprendi em 16 anos...

Sempre quis ser mãe. Desde pequenininha. Tive meu primeiro filho biológico aos 27 anos. Eu tive a sorte de poder escolher a idade e o pai de meu filho, então, tudo estava perfeito. Até que veio o autismo...
            Muitas pessoas nos perguntam o que sentimos quando pegamos o diagnóstico. Honestamente, nem deu tempo de pensar em nada e de curtir a fase do luto. Sim, curtir! Porque acho que merecemos passar por esta fase e, às vezes, até precisamos! E sabem por que não deu tempo? Porque eu não estava focada em concertar o que “deu errado”, mas preocupada no que daria certo a partir dali. A preocupação era dar qualidade de vida ao meu filho. Passei tanto tempo procurando o diagnóstico, que acho que passei pelo luto antes. Só precisava saber que ele não era uma doença degenerativa. O autismo eu consegui digerir melhor.
Depois de 11 anos que o Nicolas nasceu, adotamos o Guilherme, neurotípico e, assim como o Nicolas, lindo, amado, desejado e pra lá de especial!
            O Gui, que seria o considerado “normal” pela maioria da sociedade, virou adolescente e percebi que ter um filho autista tem seu ônus e seu bônus! Descobri, também, algo que eu meio que sempre desconfiei: ser mãe, é ser mãe. Não importa se seu filho é deficiente ou não. Cada um traz alegrias e tristezas de formas diferentes. As preocupações são diferentes.
Com o autista, acabamos pensando:
1.     Será que ele vai falar?
2.     Será que ele vai me olhar?
3.     Será que ele terá uma namorada um dia?
4.     Será que ele vai conseguir dirigir?
5.     Será que ele vai conseguir trabalhar e formar uma família?
6.     Será que ele terá mais uma convulsão hoje?
7.     Será que eu vou conseguir sair de casa algum dia?
8.     Será que ele vai conseguir comer hoje? Vai mudar a dieta?
9.     Será que ele vai me dizer com suas próprias palavras o que é que ele tanto imagina?
10.  Será que um dia ele vai dizer que me ama?
11.  Será que alguém vai cuidar dele depois que eu morre?
12.  Será...?
13.  Será...?
São tantos questionamentos... Mas, em meio a todos eles, achei uma resposta para tudo: NUNCA DESISTA! Não importa quantos anos você tenha ou qual o grau de autismo de seu filho. Ou ainda, qual a deficiência! Saiba que cada dia é mais um dia para ser feliz e fazer quem te ama, e quem você ama, feliz.
Aprendi a ver as várias formas de comunicação dos meus dois filhos. Cada um mandando seus sinais codificados, mas que queriam dizer a mesma coisa:
·      Me ama, mãe!
·      Presta atenção em mim.
·      Sim, eu estou aqui e te amo.
·      Por favor, me deixa um paz só um pouquinho!
São adolescentes... São humanos... São meus filhos!
Fui constatando cada vez mais que meus filhos não são os seus. São os meus, do jeitinho que eles são. Fui constatando, também, que meus métodos de educar meus filhos não iriam agradar a todos da família, muito menos a todos da Internet! Sim, eles são únicos! Especiais...
Aprendi que ser diferente é normal e que ser normal é ser feliz! Se você faz de tudo para ele ser feliz, não tem como ser diferente. Ele é feliz! Mas, e quando os filhos não têm deficiência ou síndrome alguma? Quais são nossos questionamentos?
1.     Será que ele vai crescer saudável?
2.     O que será que ele vai ser quando crescer?
3.     Será que ele volta pra casa hoje?
4.     Será que ele vai beber demais na balada?
5.     Será que ele será feliz com essa pessoa?
6.     Será que ele entrará na faculdade?
7.     Será que ele não será preso em uma blitz, ou por que resolveu “fazer uma fita com os camaradas”?
8.     Será que ele está envolvido com drogas?
9.     Por que será que ele me respondeu hoje e não está falando comigo?
10.  Será...?
11.  Será...?
Bem, o que acho que aprendi durante estes meus poucos, e bem vividos anos de maternidade, foi que filho é tudo igual. Todos nos dão alegrias e tristezas e cabe a nós transformar cada momento em único. Tirar as tristezas para os aprendizados e as alegrias para os sorrisos futuros, quando, autistas ou não, eles não estarão mais entre nós ou nós entre eles...

Ah, eu já ia me esquecendo. Sobre todos os questionamentos acima, troque TODOS por apenas um: Será que meu filho será feliz?