sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Filme O Contador

Ontem, 20 de outubro de 2016, fui assistir à estreia do filme "O contador" (The Accountant, 2016), com Ben Affleck, que interpreta o papel de Chris Wolff, um contador com autismo que tem capacidades incríveis para a matemática, e que, de vez em quando, faz justiça com as próprias mãos.

Bem, eu sou louca por livros e filmes desde sempre, então, acabo fazendo críticas de tudo o que leio e assisto. No caso deste filme, em que o personagem principal tem autismo, eu tentei assistir com olhos de uma pessoa leiga no assunto. Uma pessoa que foi ao cinema com o namorado para assistir a um filme de ação/drama.

Para que ainda não assistiu, cuidado com spoilers! Se preferir, leia somente depois de assistir. Mas procurei não contar muito e acho que dá para ler e assistir depois.

Continuando. Mesmo me fazendo de leiga, não deu para aguentar quando um profissional de saúde mental diz aos pais, que perguntam o que seu filho tem, que ele não gosta de rótulos. Mas segue explicando aos pais alguns traços típicos em autistas, o que, em minha opinião, pode levar o público a acreditar que será sempre assim. Autismo não é rótulo, é característica e faz parte da neurodiversidade.

Em alguns momentos, o filme me dava a impressão que dali, daquele personagem, sairia um super-herói com autismo a qualquer momento. Eu não sabia se ele era uma versão autista do Batman, ou se ele era um cara tipo Jason Bourne (da série de filmes Bourne, que eu adoro!).

O personagem também traz a velha impressão de que ser autista é ser super-dotado. A versão savant do autismo já foi relatada antes em outros filmes e nós, pais, temos que explicar para milhares de pessoas que toda pessoa com autismo é diferente. Já cansei de ouvir a pergunta: "Mas qual é o super poder do Nicolas? O que ele faz de diferente?". Levo no bom humor (afinal, nem todo mundo é obrigado a saber, mas eu sinto-me obrigada a explicar) e digo que o super poder dele é o poder da beleza. Ele é ótimo em ser lindo e inteligente do jeitinho que é. O Nicolas não tem nada de diferente que um neurotípico teria.

Quando Chris Wolff encontra Dana Cummings, interpretada pela atriz Anna Kendrick, dá para perceber que ela também é diferente do que se espera do normal imposto pela sociedade, mas não chega a ser savant ou ter autismo. Essa aproximação entre os dois, principalmente quando começam a correr risco de morte, tirou várias risadas de quem estava assistindo no cinema. A relação dos dois fica complicada a partir do momento que Chris nota que sente algo por ela, mas não consegue lidar com seus sentimentos. Fica aí mais uma marca que pode ser mal interpretada: autistas não são capazes de amar ou ter empatia. Mas, quando ele a salva, eu vejo empatia e sentimento. E para quem veio ler aqui, sem ter contato com autistas, saibam que eles são diferentes e que muitos conseguem amar e serem amados. Alguns casam e constroem famílias. Outros, com um grau mais severo e com comorbidades também severas, às vezes, não conseguem levar uma vida amorosa adiante. Mas não são todos!

Não quero me alongar muito sobre o filme, mas acredito que será, novamente, nossa missão, como pais, continuar a conscientização para que as pessoas não pensem que autista é uma raça única de gênios e desprovidos de sentimento.

Como plateia comum, aquela que foi ao cinema com o namorado, o filme é legal. Só legal. Nada de extraordinário. Poderia ter sido melhor e com menos flashbacks.

Como mãe de autista, fica meu relato acima. E também não acho que o filme passará a impressão que todo autista é assassino. A mãe de Chris o abandona com o irmão e com o pai, um militar. Será que toda mãe de autista vai embora e abandona seu filho? O pai, militar, dá um treinamento militar aos dois filhos. Será que todo pai militar leva o filho a Jakarta para ensinar técnicas militares? Se for assim, "Cidade Deus" diz que todo "preto favelado" é drogado, traficante e vagabundo. "Tropa de Elite" I e II dizem que só os policiais do Bope prestam e que todos os policiais e governantes não prestam, sem exceção. O "Máscara" diz que se encontrar uma máscara na rua... E a lista é grande. Mas muita gente assiste e não fica com o estereótipo de que todo mundo é igual ao que tal filme relatou.

Sim, os filmes passam estereótipos para a sociedade em geral sobre todos os assuntos possíveis e sempre tem gente reclamando sobre feminismo, machismo, xenofobia e preconceito em geral, mas dá para ser mais esclarecido e esclarecer mais para os outros.

Saí do cinema sabendo que era um personagem de ficção, em um filme mediano e que não representa meu filho. Aliás, meu filho tem que ser representado por ele mesmo. Ele é único, assim como o seu.





Um comentário:

  1. A respeito dele não ficar com danna ,tem um motivo e é nítido perceber que ele gosta sim dela,de início ela fala pra ela da dificuldade de se relacionar, mas não é por esse motivo que ele não fica com ela, no finalzinho do filme ele diz pro irmão dele que sempre soube onde ele estava,mas nunca foi atrás por motivos de segurança,pois as pessoas para quem ele trabalha são perigosas, então ao meu ver o filme não passa essa imagem de q os autistas n são capazes de amar,muito pelo contrário,o filme expõe que o autista tem dificuldade de se relacionar,mas ele se relaciona sim,ama sim ,e repito, ele só n ficou com ela,pra mantê-la em segurança

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