domingo, 2 de setembro de 2012

Inclusão Escolar

Abaixo, segue e-mail que foi enviado à Coordenadora da escola onde o Nicolas estudo hoje em dia. o começo foi um processo complicado, é claro, pois todos tínhamos que nos adaptar, mas logo foio ficando tudo mais fácil. Os professores que não quiseram ajudar no processo de Inclusão do Nicolas ou já foram desligados da escola, ou acabaram percebendo o quanto teriam a crescer com esta experiência. Hoje, todos saíram ganhando! Educadores e educandos seguem felizes, de verdade, e o crescimento de todos enquanto seres humanos é visível!

Obrigada à Coordenadora Marlene Marsola, ao Diretor da Instituição, Paulo Barufi e a esses PROFESSORES mais que especiais:

Raquel (Português)
Elyane (Português)
Rose (Geografia)
Leo (História)
Manoel (Matemática)
Cesar (Artes)
Luciana (Artes)
Regis (Ciências)
Abel (Educação Física)
Marlene (Ensino Religioso)
Eliane (Inglês)
Eliane (Espanhol)
Sydnei (História)
Desculpem-me se me esqueci de alguém. Volto aqui e edito se precisar.

SEGUE TEXTO:
Lene, está muito difícil de aguentar certas coisas. Preciso falar com você como mãe e coordenadora. Não posso falar com você sendo parte do corpo docente da escola.
O Nicolas é meu filho e eu o amo demais. Não consigo sentar e vê-lo ser desrespeitado dentro de suas necessidades, assim como tenho visto em outros alunos. Procurei todos os professores desde o começo e falei com todos antes mesmo de eu saber que daria aula na escola. Acredito ser uma mãe presente. Nós reclamamos de mães que não comparecem, que não ajudam. Eu sei que faço tudo que posso e, às vezes, até o que não posso para dar o melhor para o Nicolas como filho e agora como meu aluno. Tenho trabalhado com todas os educandos que apresentem qualquer tipo de deficiência, seja essa mais grave ou mais branda. Não creio que um aluno seja igual ao outro, portanto já trato todos de forma diferente. O que alguns educadores não entendem é que o Nicolas, ou qualquer outro educando com necessidade especial, NÃO deva ser "enfiado" no sistema regular de ensino. Eles devem ser adaptados da melhor forma possível e causar traumas não ajuda em nada. Notas vermelhas sem nem tentar uma abordagem diferente é uma agressão psicológica, pois há assuntos que ele não entende porque tem que aprender e há assuntos que ele não consegue entender no mesmo ritmo que os outros, mas assim que você muda a perspectiva, ele entende até melhor que os outros. Alguns educadores estão fazendo um trabalho maravilhoso com ele sem "dar nota" de presente para ele. Alguns têm feito um trabalho fantástico com ele de inclusão. Outros conseguem respeitar os limites dele e ajudá-lo da melhor forma possível e até impossível, o que o tem ajudado muito. Você sempre fez sua parte como professora e coordenadora, então não preciso nem falar o quanto contribui, e ainda contribui, para o crescimento dele. Comigo ele ainda não precisou de nenhuma avaliação especial, porque ele entende bem o Inglês e flui muito bem em minha aula. Quando muito, só explico o que ele tem que fazer no exercício sem dar a resposta.

Não tenho dormido. DE VERDADE! Perco o sono no meio da noite e oro a Deus para me dar sabedoria e paciência. Meu coração dói... assim que possível, me procure para conversarmos.

bjus,


1.4 - Lei n°. 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras determinações, estabelece, no § 1o do Artigo 2o:
“A criança e o adolescente portadores de deficiências receberão atendimento especializado.”
O ordenamento do Artigo 5o é contundente:
“Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.”
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos, firmada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade.
Desse documento, ressaltamos alguns trechos que criam as justificativas para as linhas de propostas que são apresentadas neste texto2:
“todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e que a ela deva ser dada a oportunidade de obter e manter nível aceitável de conhecimento”;
“cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios”;
“os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda gama dessas diferentes características e necessidades”;
“as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades”;
“adotar com força de lei ou como política, o princípio da educação integrada que permita a matrícula de todas as crianças em escolas comuns, a menos que haja razões convincentes para o contrário”;
“... Toda pessoa com deficiência tem o direito de manifestar seus desejos quanto a sua educação, na medida de sua capacidade de estar certa disso. Os pais têm o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação que melhor se ajuste às necessidades, circunstâncias e aspirações de seus filhos” [Nesse aspecto último, por acréscimo nosso, os pais não podem incorrer em lesão ao direito subjetivo à educação obrigatória, garantido no texto constitucional];

Após este e-mail, que foi enviado em maio de 2010, tudo mudou MESMO! A Coordenadora entrou de cabeça na luta pela inclusão e hoje a escola é uma referência em toda a região.


Nicolas recebendo sua medalha de prata no campeonato de futsal da escola. Abril/2012


Lutem. Não desistam. Temos direitos e podemos e devemos usá-los!

2 comentários:

  1. A inclusão tem de deixar de ser vista como "cuidados", temos, nós pais, em primeiro lugar para de desejar "abrigo" na Escola para nossos filhos, senão é isso que terão. Ansiemos por processo de ensino-aprendizagem e vamos esbarrar no "não saber como fazer"; entramos novamente na história e ensinemos; esses profissionais não têm culpa do sistema falho na formação do professor, do médico, do fono... neste país, que fingir que estudar gera índices maravilhosos!! Estude pelo seu filho, contribua... depois da tentativa da verdadeira inclusão verás que um aluno especial faz mais falta a turma dita normal do que todos eles a ele!! A lição que uma turma inclusiva leva para a sociedade se multiplica em valores de tolerância inimagináveis por nós. Façamos pais, também a nossa parte ao invés apenas de exigir de gente despreparada um lugar ao "sol"!! EU QUERO TODOS OS LUGARES!!! Beijos, Anita.

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