segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Deficiente ou diferente?

Deficiente = Algo ou alguém que apresente deficiência; Algo ou alguém que apresente deformação física ou insuficiência de uma função física ou mental; que ou quem apresenta uma deficiência

Diferente = Não semelhante; em que se nota diferença.

Não podemos negar que o ser humano tende a discordar, fato que, em minha humilde opinião, é muito saudável para a riqueza dos diálogos. Porém, é importante que saibamos discordar do outro mostrando respeito por sua opinião. Não é atacando que mostraremos quem está certo e quem está errado, pois, errado está aquele que grita, que quer impor sua "verdade". Isso sim, caros, é deficiência.

Ao falarmos de pessoas portadoras de deficiência essa "briga" aumenta muito, porque uns não querem chamá-los de "deficientes", outros não querem chamá-los de "pessoas com deficiência", outros, de "pessoas com necessidades especiais", e assim por diante. A lista aumenta consideravelmente.

A palavra IDIOTA, do grego idiótes, foi, e ainda o é, usada na psiquiatria para descrever pessoas que sejam privadas de desenvolvimento intelectual ou que desenvolvam bem abaixo do esperado. Por exemplo, um adulto teria o desenvolvimento intelectual equivalente ao de uma criança de 03 anos. O QI de uma pessoa idiota é, geralmente, inferior a 25. Em uso mais popularesco, a palavra idiota refere-se a uma pessoa que faz uma "estupidez", uma "burrice", um ato que, de acordo com o que lhe chama de idiota, representa falta de intelecto para aquele que falou algo ou agiu de certa forma. É um "xingamento". E temos notado que isso vem se tornando, infelizmente, comum com o termo autista. Está virando motivo de piada chamar alguém de autista. Mas, piada para quem?

Em Mateus 5:22, apesar de a tradução mudar muito de bíblia para bíblia, a palavra idiota também aparece como reprova22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão não vale nada, será réu em um tribunal; e qualquer que chamar o outro de Idiota, será réu do fogo do inferno.

Porém, a língua é um produto social e sofre mutações dia a dia. O tipo de vocabulário usado no século 14 não se aplicava mais ao século 19, o que dizer então do século 21! Uma gíria falada na década de 1980 ficou obsoleta para 2012. Outras perduram desde a década de 1950, e assim por diante.

Então porque nos ofendemos tanto com a "palavra" usada para descrever nossos anjos especiais? E porque precisamos de rótulos para descrevê-los?

Primeiramente, penso que deficiente é o que não funciona. Já "pessoa com deficiência" todos somos, pois atribui-se a aspectos deficientes. Logo, a palavra "deficiente" não pode definir uma pessoa que seja dotada do mínimo de intelecto. Deficiente não pode definir a pessoa, pois não é o seu todo. Nosso todo é definido por deficiências e eficiências.

O termo Diferente também define a todos, pois são nossas características que nos diferenciam. Significa o óbvio: NÃO SOMOS IGUAIS!

Não tenho medo de dizer que meu filho seja autista e acho que precisa ter um nome para saber o porque de sua atitude diferenciar-se da atitude da grande maioria, afinal, ele convive com a grande maioria. Se eu não disser que ele é autista, pensarão que ele é  mal educado, anti social, etc. Isso me importa? Sim, a mim importa e muito, pois uma criança mal educada não é bem vista, a autista só não é, AINDA, bem entendida. Cabe a mim, mãe, dizer ao próximo o porque de meu filho agir de maneira diferenciada de seus filhos.

Com este texto, não pretendo dizer qual termo é o certo ou o errado. Acredito no livre arbítrio e na liberdade de expressão. Expressem-se como quiser, só peço que tenham respeito pelo outro.

Deficiente, mesmo, é a comunicação do ser humano que tem ficado cada vez mais precária por falta de valores e respeito ao próximo.

Autista não é xingamento! Se você optou por xingar uma pessoa de idiota, autista, retardado, imbecil, tolo, ou qualquer outro nome ou palavra de baixo calão, é porque você perdeu o controle da situação. 

Anita Brito

Nenhum comentário:

Postar um comentário