quinta-feira, 28 de abril de 2011

Capítulo 16 - O primeiro tiro no alvo

Eu dormia cerca de 03 a 04 horas por noite só para ficar pesquisando, lendo, analisando, bocejando... Quando eu conseguia dormir tinha vários sonhos estranhos e vários pesadelos. O Nicolas aparecia neles correndo para bem longe de mim e eu tentando alcançá-lo. Outras vezes eu estava em um banco de jardim conversando com alguém e ele tentava falar comigo, mas eu não ouvia. Ele gritava “mamãe” ao meu lado, mas eu nem olhava para a direção dele.

Na noite anterior, antes de irmos ao psiquiatra, foi a mesma rotina: li durante nem sei quanto tempo e tive pesadelos nos poucos momentos que dormi. Enquanto estávamos no carro, a caminho da psiquiatra, eu tentei manter meus olhos bem abertos, mas era tão longe que eu cochilei várias vezes no carro e, a cada cochilo de 10 segundos que eu dava, eu sonhava instantaneamente com algo horrível. Ao chegarmos no consultório acho que a médica pensou que eu fosse a paciente porque estava com cara de louca. Olheiras fundas, meio descabelada, andando com aquele aspecto cansado e com cara de poucos amigos. Quando ela nos atendeu, pensei comigo: “Estamos totalmente ferrados! Ela deve ter uns 17 anos no máximo!” Óbvio que entra aí toda uma hipérbole, mas a carinha de criança dela me remetia a falta de experiência. Desanimei.

(...)

*Leia mais no livro "Meu filho ERA autista" - informações: meufilhoeraautista@yahoo.com.br

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Capítulo 15

Havia se passado três semanas desde que o Nicolas havia ficado internado por causa da Púrpura e em casa ele ficava sempre calado e não respondia a quase nenhum estímulo. Voltamos ao médico e ele disse que era normal. Falei com o pediatra novamente sobre autismo e, cansado de me ouvir bater na mesma tecla, ele me disse que seria melhor eu procurar um médico especialista, mas que não havia nada de errado com o Nicolas. Neste meio tempo, veio o telefonema que eu tanto aguardava e, por causa de tudo o que havia acontecido, eu acabei me esquecendo.

Como eu disse antes, minha aluna me indicou para participar de um processo seletivo de um dos programas de intercâmbio do Rotary, o IGE. Neste programa são contemplados 04 jovens entre 25 e 40 anos para viajar a um outro país e representarem o Brasil. Eles te preparam durante alguns meses antes da viagem e você fica por um mês fora com todas as despesas pagas representando seu país e dando palestra sobre diversos temas como saúde, educação, geografia e política. É uma chance em um milhão para um jovem que não tem condições financeiras de arcar com este tipo de experiência que, quer queira quer não, no Brasil faz muita diferença para o currículo.

Quando recebi o telefonema que eu havia sido selecionada eu, com toda a frieza do mundo, pedi para a pessoa repetir a informação porque eu não tinha nem prestado atenção no que ela havia me dito. E ela repetiu toda empolgada:

- Você foi selecionada para participar do programa IGE que contemplará 04 jovens para ir à Suécia!

Ao que eu repeti com total e absoluto desânimo:

- Ah, é do Rotary. Desculpe-me, eu não havia entendido. Bem, eu sinto muitíssimo, mas terei que declinar.

- O que? Mas é uma oportunidade única. Isso vai te ajudar muito em sua vida e seu currículo é um dos melhores...

E eu já não escutava mais nada. Esperei ela terminar de falar e disse bem educadamente:

- Acho que você nem sabe o quanto isso realmente é importante para mim, mas meu filho ficou muito doente por esses dias e eu não quero me comprometer com algo que não vá cumprir direito. Essa viagem seria a real porta de entrada para o que eu sempre quis fazer, mas acho que não é o momento.

- Anita, eu entendo, mas seu filho não FICOU doente? Acho que agora ele já está melhor, não é?

- Infelizmente nós nem sabemos quando ele ficará bem. Eu sinto muito mesmo, mas sei que Deus sabe de todas as coisas. E se não for agora...

- Bem, vou guardar seus documentos aqui. Espero que seu filho fique bem logo e quem sabe em uma próxima oportunidade. Tenha um bom dia.

Agradeci e saí de casa com meu filho e meu marido para passearmos um pouco e tentarmos espairecer. Falei para o Alexsander, que também recebeu a notícia da forma mais apática possível. Tínhamos que tomar uma série de iniciativas e estávamos nos sentindo totalmente desamparados, porque havíamos acabado um “acompanhamento” com uma das psicólogas. Médicos e pediatras não tinham a menor pista do que estávamos falando, mas insistiam que ele era lindo e normal. Meu marido, graças a Deus já estava ao meu lado nessa empreitada e aceitou ir buscar médicos por conta própria.

Sem nenhum encaminhamento, fomos atrás de um psiquiatra que era tão longe da nossa casa que qualquer outro desanimaria. Meu pai nos acompanhou, o que deixou a pequena viagem um pouco mais leve porque no caminho ele conseguia manter a cabeça do meu marido um pouco mais fria. Eu fique no carro, atrás, com o Nicolas tentando manter contato de vez em quando. O clima em casa estava simplesmente horrível. Nós não nos tratávamos mal, de forma alguma, mas também não nos tratávamos mais. Bateu uma tristeza tão grande, mas tão grande que eu tinha a impressão de que iríamos entrar em combustão espontânea a qualquer momento.

Apesar de sempre achar que ele era autista o fato de ele “estar ainda mais autista” era desesperador porque ainda existia a chance de só eu estar errada antes, mas agora todos notavam que algo esta errado e estávamos prestes a ouvir um especialista. O que uma mãe pede nesta hora? Nem eu sei dizer exatamente o que eu pedia em minhas orações naquele momento, mas nunca me esquecia de pedir a Deus para que o Nicolas fosse feliz, não importava o que acontecesse ou qual seria o diagnóstico, nós só queríamos que ele fosse feliz.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

CAPÍTULO 14

Comecei a mergulhar cada vez mais e mais em estudos sobre o assunto e uma das coisas que me chamou a atenção é como os estudos no Brasil estavam bem mais atrasados em relação aos Estados Unidos. A maior parte das informações estava em inglês e até que havia alguns sites bons em português, porém se você não tivesse lido em inglês primeiro, ficava muito difícil de realmente entender o que estava acontecendo na cabecinha do meu filho.
Passei noites e noites acordada para conseguir uma informação que me guiasse até o caminho das pedras. Estranho, mas nunca procurei pela cura e sim por explicações para que eu pudesse entender como trabalhar com meu filho. Eu precisava do mapa para chegar no abismo que ele estava, dar-lhe a mão e dizer: “Vem meu amor. Está tudo bem aqui no nosso mundo. Pode vir que a mamãe vai te ajudar”.
(...)
*Leia mais no livro "Meu filho ERA autista" - informações: meufilhoeraautista@yahoo.com.br

sexta-feira, 1 de abril de 2011

CAPÍTULO 13

Nossas tentativas em buscar algum tratamento ou diagnóstico para o Nicolas ficavam cada vez mais doídas.
A segunda psicóloga nos disse que o Nicolas era uma criança normal, que seu único problema é que ele era muito mimado e que nós estávamos estragando ele com tantos mimos. Deve ser horrível mesmo para uma criança ter atenção dos pais! Quase enfartei aquele dia de tanta raiva porque eu sou uma mãe e uma professora afetuosa e rígida ao mesmo tempo. Sempre trabalhei a independência de meus alunos, irmãos mais novos e dos meus filhos. Perfeita? Graças a Deus não! Mas burra...
*Leia mais no livro "Meu filho ERA autista" - informações: meufilhoeraautista@yahoo.com.br